Wednesday, February 14, 2007

Relato

Cheguei sábado a noite em Maceó, ou melhor, em Rio Largo. É que, por mais que o bilhete da passagem de avião informasse que meu destino era Maceió, o avião só nos levava até Rio Largo. Rio Largo com gostinho de Maceió, pois numa sociedade tão mediatizada, ou midiática, como a nossa, os sómbolos, o bilhete no caso, tem quase mais valor do que aquilo que se costuma denominar realidade.
Pois bem, chego em Rio Largo (com gostinho de Maceió) por volta das 1 da manhã e com um objetivo, não gastar mais de trinta reais por dia (totalizando 60), não entrando no cômputoos 45 já gastos c/ a diária da pousada. Primeiro passo, esperar no aeroporto o dia amanhecer p/ pegar um ônibus até o centro. Pensava que seria uma atividade chata, desgastante, enfim, que seria algo que não vale a economia de 30 reais (do táxi). De fato, não valeu a economia de 30 reais, por outro lado, não foi de todo chato.
A livraria do aeroporto de Maceió fica aberta quase 24 hs por dia. Não me recordo a que horas ela fechou suas portas, mas já tinha avançado bastante a madrugada e tive tempo suficiente para ler o meu primeiro Gabriel Garcia Marquez. Reconfortante. O título, Memórias de Minhas Putas Tristes. Logo que entrei, enquanto ainda passava os olhos entre as prateleiras reencontro um olhar, o mesmo que tinha visto no aeroporto de salvador, e, a pouco tempo, à espera da bagagem, no desembarque do aeroporto. Mesmo olhar e mesmo corpo que, porém, percebo ser ainda muio jovem, o que me impede de fazer algo diferente do que contemplar, discretamente, e principalmente o olhar.
Volto ao reconforto do Gabriel, que ocorreu após, muito após, a menina do olhar ter ido embora da livraria. Nunca havia conseguido terminar um livro do Gabriel GM, embora, em verdade, só houvesse tentado o feito com um, Cem Anos de Solidão. Parava sempre nas primeiras páginas. Achava cansativo. Conversando com D no MSN ela me dizia que seu irmão de 26 anos nunca amou e que essas coisas, de fato, demoravam um pouco mais a acontecer com os homens. Não sei bem se é verdade, nem se concordo, mas isso acalmou um pouco meu incômodo por só ter amado pela primeira aos vinte e quatro anos. O personagem do Gabriel GM só conheceu o amor aos 90. Mas não estou aqui para falar do livro, salvo pelo reconforto.
Li meu primeiro GM. Não me apaixonei pelo livro, "comi" algumas linhas, mas não nego que me empolguei com algumas partes.
Depois de Garcia, desisto de continuar na livraria, aventuro-me pelo aeroporto. O primeiro com quem converso é o funcionário da limpeza que, naturalmente limpava, o banheiro. Troco algumas poucas palavras com ele sobre opções de ônibus para o local onde me hospedaria.
Me alojo em uma mesa na Praça de Alimentação e volto a ler Cultura Jurídica Européia, do Manuel Hespanha. Três meninas sentadas numa mesa a frente. Divido a minha atenção entre a leitura e a mesa em questão, mas continuo lendo.
(to be continue)

2 Comments:

Blogger Vanessa Lee said...

Oi oi!
Mto bonita sua forma de narrar. Enquanto lia, reconstruir a cena em minha mente.
"Cem anos de solidão" é um livro meio denso e complicado no inicio. Na verdade, durante todo o livro! Mas quando se entende a lógica dele, quando se é conquistado pela história, vc fica preso!
Já "Memórias de minhas putas tristes" é mais simples e conta de forma linda um amor platônico, quase adolescente como todo primeiro amor. Eu vou te contar um segredo do livro: ele não a encontra nunca acordada.
Fenomenal mesmo é "Amor nos tempos do cólera". Não é tão complicado como "100 anos" e tem uma história que é dificil não se ver conquistado! Eu li em Itacaré e ler esse livro meio longe de casa foi ótimo, pois a história me fez refletir sobre a minha história aqui em Salvador. Imagine o livro certo no momento exato... foi esse!
Achei mto engraçado vc ir pra praça de alimentação ler "Cultura Jurídica Européia, do Manuel Hespanha", depois de estar lendo Gabo! Nem imagino o conteúdo, mas pelo título não me pareceu mto lá literário...
Ah! Não esqueça de ao ir pra Recife na próxima vez reservar um tempo pra ir ao Museu de Brennand, aquele das armas brancas!!!
Espero que vc guarde o post-it e faça uso dos números sempre que quiser!
Aguardo o resto dos relatos de viagem!
Beijim

10:40 PM  
Blogger Vanessa Lee said...

Oi oi!
Mto bonita sua forma de narrar. Enquanto lia, reconstruir a cena em minha mente.
"Cem anos de solidão" é um livro meio denso e complicado no inicio. Na verdade, durante todo o livro! Mas quando se entende a lógica dele, quando se é conquistado pela história, vc fica preso!
Já "Memórias de minhas putas tristes" é mais simples e conta de forma linda um amor platônico, quase adolescente como todo primeiro amor. Eu vou te contar um segredo do livro: ele não a encontra nunca acordada.
Fenomenal mesmo é "Amor nos tempos do cólera". Não é tão complicado como "100 anos" e tem uma história que é dificil não se ver conquistado! Eu li em Itacaré e ler esse livro meio longe de casa foi ótimo, pois a história me fez refletir sobre a minha história aqui em Salvador. Imagine o livro certo no momento exato... foi esse!
Achei mto engraçado vc ir pra praça de alimentação ler "Cultura Jurídica Européia, do Manuel Hespanha", depois de estar lendo Gabo! Nem imagino o conteúdo, mas pelo título não me pareceu mto lá literário...
Ah! Não esqueça de ao ir pra Recife na próxima vez reservar um tempo pra ir ao Museu de Brennand, aquele das armas brancas!!!
Espero que vc guarde o post-it e faça uso dos números sempre que quiser!
Aguardo o resto dos relatos de viagem!
Beijim

10:40 PM  

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