o cristal encantado, ops, o dedo de Destino parte 3.

E então o neto de sonhos bateu palmas levemente por duas vezes. O ar, alguns metros a frente de ambos, pareceu condensar-se formando uma espécie e névoa cada vez mais espessa.

- A partir daqui vc seguirá sozinha. Como disse antes, o talismã deve ser mais que suficiente para garantir que voltes ilesa. Apenas advirto-a que tomes cuidado com Esquecimento. Ele está dormindo agora e não terá poderes sobre vc., a não ser que vc mesma o ajude. Não barganhe com ele. Após entrar concentre-se através de seu Talismã naquilo que vc queira ver, no caso, os sonhos pretéritos de Destino. Não veja muitos sonhos dele ao mesmo tempo. Aja com cautela sempre. E qdo quiser voltar abra vc mesma o portal e não se esqueça de seguir sempre pela trilha dourada. É bem provável que Esquecimento acorde quando vc começar a remexer nos sonhos pretéritos.

- Está pronto, podes seguir, eu vou cuidar de meus afazeres. Qdo voltar liberte o papagaio preso à gaiola de nº 15 e peça que ele venha me chamar.

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Ela adentrou na espessa névoa e concentrou-se no que tinha de fazer. Andou durante cerca de um minuto. Sempre pra frente. Sempre reto. A névoa tornava-se aos poucos gelatinosa, e a sensação de que havia um chão sob seus pés se esvaía. Um minuto depois ela sentia-se flutuando ou nadando em meio à névoa. Sente que é chegada a hora. Concentra-se então no Talismã. Aos poucos fragmentos de sonhos se aproximam, alguns parecem dançar sensualmente querendo incitá-la a adentrá-los, mas ela se mantém insensível às tentativas. Nenhum daqueles sonhos pareciam ser o que ela estava procurando. Afasta-os todos. E segue sozinha “caminhando” entre a “névoa”. Resolve fazer um teste. E de repente parte da névoa ganha uma coloração alaranjada.

- Bom. Mas isso não me adianta de muita coisa. Agora não preciso criar nada, mas sim encontrar algo que já fôra criado.

Ela pensa em pedir ajuda a Esquecimento. Desiste. Prefere seguir o conselho do neto de Sandman. Tenta uma segunda vez. Concentra-se muito mais no talismã antes de iniciar a busca e dessa vez recebe uma enxurrada muito maior de sonhos, seu nível de concentração lhe dá a impressão de que está conseguindo visualizar cerca de 1000 deles ao mesmo. Mas eles passam por sua mente em uma velocidade que sua mente não consegue apreender, conscientemente pelo menos. Esquecimento acorda. Ela parece pressentir isso e pára. Lembra-se então dos primeiros contatos com Sandman e com o mundo do sonhar. Lembra-se do que Sandmam lhe dissera ao dar-lhe o Talismã.
Ele pode lhe servir para abrir portais no mundo dos sonhos, sim, porém existem lugares ermos que seu talismã não conseguiria alcançar. Porém fiques tranquilha, poderá passear por essas terras e se aventurar por sonhos ermos e caso se mantenha viva o Talismã sempre poderá trazê-la de volta à entrada de sonhar, ainda que esteja vc no sonho mais profundo de todos. Porém o Talismã só lhe garante a volta. Para ir a muitos desses lugares ermos é preciso antes adentrar outros sonhos que possuem outros portais que levam para um plano cada vez mais profundo do sonhar. Mesmo eu que sou o maior conhecedor de atalhos nessas terras, tenho muitas vezes que dar voltas antes de chegar onde quero. Pois bem, mas acho que isso é o suficiente, não a encorajo a se aprofundar muito em sonhar, apesar de ser minha protegida, cada ilha de sonho tem suas próprias regras, e qto mais distante de seu mundo vc estiver, maiores serão os riscos de que vc dele se esqueça e acabe ficando em meus domínios.

Então era isso. O neto de sonhos realmente não tinha facilitado as coisas. Os sonhos de Destino provavelmente não devem ficar em uma camada superficial do mundo de sonhar. Do jeito que o menino falou realmente parecia simples demais. Vejamos então.

Ela se concentra mais uma vez. Focaliza toda sua atenção na imagem mental que cria, como que réplica do Destino vivente, sem porém chamar sonho algum. Depois de algum tempo associa essa imagem ao talismã pendurado em seu pescoço, pressente uma entidade poderosa por perto, Esquecimento, provavelmente. Chama um sonho qualquer. Sem sequer parar para ver do que se trata entra no sonho.