Tuesday, January 22, 2008

separação judicial, sexo, vida em comum e culpa parte 1

João e Maria sentiam um tesão enorme um pelo outro, sem saber que aquele sentimento era recíproco. João namorava, porém, a irmã de Maria, a Joana. João amava Joana e apesar do enorme tesão que sentia por Maria, que era, registre-se,muito, muito maior do que o tesão que sentia por Joana, nunca tentou uma "aproximação" com o objeto de seus mais fortes sonhos eróticos. João tinha por princípio que uma relação em que existisse o que ele considerava amor deveria ser uma relação monogâmica. Portanto sua relação com Joana deveria ser monogâmica, ao menos segundo os princípios em que acreditava. Registre-se ainda que João seguia seus princípios.

Tempo vai e tempo vem, e assim como ocorre de forma semelhante em muitos outros casos, o amor que João tinha por Joana, embora não fosse pouco, se acabou. Não se acabou porém, o tesão que sentia por Maria. Terminando então seu namoro com Joana, resolve convidar Maria para um pôr do sol no solar do unhão com direito a uma sessão de império dos sonhos do david lynch logo após.

Difícil dizer o que seja mais aprazível, se o pôr do sol em si, ou o solar do unhão em si. Entretanto, como as coisas em si muitas vezes não nos são cognoscíveis, fato é que a combinação dos dois, pôr do sol e solar do unhão apenas acelerou o que já pareceria inevitável a qualquer um que pudesse observar as trocas de olhares que se deram os amigos João e Maria quando se viram naquele fatídico dia. Se eu chegasse aqui a ser sincero diria que em verdade o pôr do sol e o solar até atrapalharam, desconcentrando-os do imenso desejo carnal que os jovens nutriam um pelo outro, atrasando assim a consumação do mesmo. Todavia esse não é meu propósito e mantenho o entendimento de que aquela combinação mágica acelerou o processo que, não tenho como negar, estaria fadado a concluir-se ainda que de modo um pouco mais lento.

João e Maria foram a um motel logo após o pôr do sol e não creio que se afastaram muito do estado onírico representado no filme de david lynch. Após aquele encontro muitos outros se seguiram, não no mesmo motel porém com semelhante intensidade. João deitava-se também com outras, é verdade, pois dentre seus princípios encontrava-se também o de que a monogamia estaria reservada apenas para as relações onde houvesse amor. Para ele, portanto, não apenas sempre que amasse deveria ser monogâmico. Ele só deveria ser monogâmico quando amasse. Por ser um seguidor contumaz de seus próprios princípios, João não se permitia privar-se do direito de deitar com outras ainda que com nenhuma delas sentisse qualquer coisa próxima ao que sentia deitando-se com Maria. Não a amava porém. Já Maria, nutria por ele paixão (ou um desejo sexual quase incontrolável) e também amor. Essa parcial não reciprocidade não gerava muitos conflitos naquela época.

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