Wednesday, December 10, 2008

versos vaidades e afins

já faz um certo tempo,
que o ato de escrever não é mais para mim como um grito,
não é mais para mim como um desabafo,
como um deixar jorrar uma corrente de sei lá o quê que enquanto não se dissipar,
no papel ou na tela,
ficaria a me revirar os nervos e os sentimentos.

já faz um certo tempo,
que escrever poemas já não me parece um processo de auto descoberta,
já não aparenta todo aquele glamour,
de um espírito atordoado,
que busca guardar em palvras e em "jogos de significados",
uma imagem do que seja o existir em toda sua plenitude,

de um espírito atordoado,
em busca de riscar perguntas e arranhar respostas,
do que seja o verdadeiro significado de nosso existir,
que ele acredita tatear algumas vezes,
e que ele busca representar em traços linguisticos,
para acalentar o desassossego dos momentos em que o sentido lhe escapa.

não,
com nada disso me parece agora o escrever,
o arranhar poemas me parece um simples ato de vaidade,
talvez ainda um grito,
mas um grito ao vazio,
em busca de outras almas igualmente vaidosas,
com as quais possa compartilhar erros, defeitos e vícios,
ou melhor com as quais possa compartilhar o existir,

nenhum sentido mágico, nenhuma essência.
simplesmente o existir.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home