Monday, July 22, 2013

criando um novo gênero - mini contos sonhados - CONTO 1 - corredores.


Eu tive um sonho.
Sonhei que a carregava nos ombros e de mãos dadas, dedos entrelaçados, percorríamos os corredores do colégio em que cursei o primário e o ginásio. A única sala em que estudei e consegui mostrar-lhe foi a da primeira série. Embora não lembrasse mais o nome da professora, a sala ficava bem próxima da escada – a primeira sala à direita, para quem sobe, e a última a esquerda para nós, que seguíamos na direção oposta – e por isso foi a mais fácil de encontrar, mesmo em sonho.

Ela não parecia se importar muito com nada daquilo, não fazia perguntas sobre como era naquele tempo, nem em qual cadeira eu costumava me sentar, mas parecia feliz e inebriada com o fato de passear por aí, em meus ombros, em meus sonhos.
Nós não descemos as escadas, pelo que me lembro, não achei muito prático fazê-lo com ela em meus ombros, nem pensava na ideia de descê-la de mim e deixá-la seguir a meu lado. Voltamos de onde viemos e em algum momento vejo alguns amigos em comum deitados em almofadas, resolvo deitá-la lá também e a desço de mim.

Permanecemos de mãos dadas, mas percebo que o fato de os amigos em comum terem se transformado em conhecidos apenas meus e estranhos para ela, a deixou um pouco desconfortável ali e voltamos a nos mover, agora, porém, ela segue a meu lado, dedos entrelaçados sempre.

Paramos no meio do corredor, ela de costas contra a parede, eu colado a ela, passo a mão por baixo de sua blusa e pela primeira vez toco diretamente na pele de sua cintura, barriga e costas- não, não cheguei aos seios, não que eu me lembre, havia muitas pessoas passando por aquele corredor isso poderia tê-la constrangido, ao menos ali e naquele momento- os rostos próximos e mais uma vez eu sentia seus lábios junto aos meus e era muito bom.

Pouco falamos sobre nós depois das primeiras palavras. Primeiro porque foi um sonho curto, segundo porque as primeiras palavras foram constrangedoras. Ela disse um “i love u” quase ininteligível e eu, surpreso com aquilo, me percebi dizendo “eu te amo também”, ou “eu também te amo”, não lembro ao certo. Isso foi quando a coloquei colada contra a parede, na mesma posição em que estávamos agora, e a beijei pela primeira vez. Foi incrivelmente mágico, embora digam que todo o sonho seja de certa forma mágico acredito que você possa deixar um pouco esse detalhe de lado para entender o que eu quero dizer com isso. Foi todo esse contexto que me fez dizer o “eu também te amo”, foi quase como um grito de comemoração, um grito de felicidade histérica, do qual me arrependi assim que o percebi saindo de minha boca. Mas, uma vez dita a frase achei melhor não negá-la, até porque se não via certeza suficiente para afirmá-la para negá-la é que certeza não havia nenhuma mesmo.

E logo depois dos primeiros beijos, da primeira declaração dela sussurrando praticamente para que eu não a ouvisse, e da minha declaração em alto e bom som, embora sem nenhuma certeza interna da verdade daquilo que era dito, logo depois, eu a colocava sobre meus ombros e, dedos entrelaçados como símbolo da intimidade e cumplicidade recém-conquistada e que eu queria manter a todo custo, seguimos pelos corredores do meu antigo colégio, onde estudei o primário e ginásio.

E agora, de volta à posição dos primeiros beijos, eu a beijava e a tocava, e me deixava perder ali, naquele momento que se sustentava no ar, como se já antevendo o fim do sonho que se aproximava. Pouco nos falamos, muito nos sorrimos, algo nos beijamos, muito nos sentimos.





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