Sunday, July 26, 2009

acredito no amor - não necessariamente na paz

fora da mudança nada parece fazer sentido,
mudo logo existo, atordoam aos quatro cantos os novos anjos do apocalípse com suas trombetas construídas em html

descobrimos o novo mundo, a comunicação
colonizemo-la e descubramos que lá já estavamos todos dentro dela
desdantes de dantes e seus círculos do inferno,
desdantes da roda,
desdo verbo que tudo criou,
ou talvez antes, alardeiam os fartos/ falsos profetas agindo comunicativamente.

mudo logo existo,
por favor mande-me um novo email meu amor,
deixe me um novo scrap,
e prove que ainda estou viva,
meu botão F5 parece falhar,
traga-me queijo e um novo teclado quando retornar da Lua.

ah, a comunicação,
só nela existimos e seus signos fazem de nós marionetes.
lewis carrol tentou insurgir-se,
muitos outros também o fizeram,
até shakespear se arriscava a alguma piadas contra o seu domínio, embora sem a coragem e a iconoclastia de Carrol,
aquele que desenhava menininhas.
...
mas agora ela surge triunfante,
buscar tornar seu reinado visível aos súditos,
fazer-se em glória eterna e regojizar-se com nossa impotência,
e com nossa consciência de tal fato,
resolve-se o problema da angustia existencialista,
surge a angustia da impotência,
talvez já quase vislumbrada por freud em suas teorias sobre o falo.

calaria-me contigo meu amor, se achasse que isso poderia resolver o problema sem...

desculpe, quase não te ouvia, mas é perfeito,
calemo-nos,
incomuniquemo-nos,
este foi seu maior gesto de amor querida,
não tenho mais dúvida, casarei contigo assim que volte da Lua e calaremo-nos,
para sempre.

vc não me deixou terminar meu amor,
calaria-me contigo, pra sempre,
amando-te velada e inacessível a tudo e a todos,
se isso não me retirasse o existir.

há porém um problema.
tornemos a comunicação auto-fágica,
uma expressão clichê que mto nos servirá nesse momento,
propaguemos, aos quatro ventos,
gritemos,
comuniquemos,
divulguemos,
compartilhemos essa boa nova,
a nova e infalível tática para destronar-mos nossa ditadora dos tempos pós modernos,
e então nos calemos,
e seu reinado se desfará em cinzas,
ou nem em isso pois o signo cinzas nem mais existirá.

vc não me ouviu meu amor,
me calaria contigo se isso não me retirasse o existir,
mudo logo existo
e existo enquanto mudo
calar-me significa não mudar e não existe aquilo que não mude,
e eu não quero ser o não existir, eu não quero ser o não ser, mesmo que isso fosse material ou logicamente possível.
sinto muito meu amor, mas acho que não te amo mais.
mas agradeço o queijo e o teclado novo que acaso me trouxeres.

vc está cega,
mas não é tua culpa,
trarei-te seu queijo e seu novo teclado,
mas não trarei-te a lua como pensava em fazer.
não há o que possa fazer por ti,
não tenho como forçar-te a ver a verdade,
nosso movimento revolucionário não pode cometer o mesmo erro de movimentos passados acreditando que a simples divilgação da verdade libertará,
assim fizeram cristo e fizeram lennon, acabaram todos mortos e traídos por aqueles que se diziam seus seguidores,
assim fez che, que saiu para divulgar a verdade e terminou fuzilado.
a verdade só liberta aqueles que estão preparados,
sua tão cara biblia que a alguns dias eu ironizava adverte isso,
não dê perólas aos porcos,
de fato eles não saberiam o que fazer com elas.

traga-me o queijo e o teclado e lhe serei grata.
lennon é um simbolo marcante para sua teoria sobre a cegueira,
ele um lider míope e...

serve como uma contradição auto-fágica,
que nem eu mesmo tinha percebido,
lennon um líder míope que antecipou a cegueira em que vivemos.
mas como dizia trarei-te o queijo e o teclado novo,
não tentarei convencer-te
e quase sinto muito o fato de nada sentir,
a respeito da necessidade de matar-mos todos aqueles que não vejam a necessidade de calarmo-nos todos,
para derrubar o império da comunicação,
sinto o fato de minha consciência coletiva
acerca da importância de destronar-mos esse novo ditador,
furtar-me de tal receio,
sinto ter sacrificado um pouco de minha humanidade em prol da mesma,
se não em prol da liberdade ao menos em prol do fim da opressão.
espero que entendas que não será pessoal,
que eu realmente gostaria que fosse diferente,
mas que se nós triunfarmos as coisas não poderão se dar de outro modo.
confesso que uma pequena parte de mim deseja o meu fracasso,
mas me esforçarei ao máximo para que isso não ocorra.

era exatamente essa parte em vc que eu amava.
que quase acalmava minha necessidade de mudar.
era quase como se ficar congelado contigo em um unico instante, em um unico momento já fosse perfeito até demais pra mim.
sempre tive medo desse sentimento.
diante dos fatos posso expor e descartar facilmente tal sentir,
desmacarando-o como mera ilusão,
me sentindo agora mais preparada e sem receio de que algo igual se apodere de mim em relação a qualquer outro homem,
pois hj reconheci a leviandade mórbida e ultrajante de tal pretensão,
eu mudei e continuarei mudando,
mas isso não impede que certas coisas já ocorridas, já passadas, continuem a nos influenciar
talvez isso seja o que nos permita as vezes reconhecermos a nós mesmos em meio a tantas mudanças.
agradeço-te profundamente a conversa de hj,
pois revelou-me coisas,
descortinou véus mostrando-me novas paisagens que eu talvez poucas vezes tenha suposto existir.

não tenha dúvida de que eu é que lhe serei grato eternamente,
por ter-me mostrado como rebelar-me contra a tirania,
eh verdade que talvez sejam tristes, as circunstâncias em que isso se deu
mas não deixarei de pensar em ti com gratidão, sempre.
adeus meu amor,
pedirei a alguem para lhe entregar o queijo e o vinho,
não posso arriscar que meu lado fraco se veja tentado a me dissuadir,
o que poderia ocorrer em tua presença.

não irei te desejar sorte na empreitada,
mas desejo sinceramente,
que encontres nessa nova busca,
a fonte da infinita felicidade,
em cada dia de sua vida.
amém

amém.