Monday, January 25, 2010

anti cristo - filme de lars von trier

colo aqui uma resposta de email analisando o filme do lars, na qual deixo mais ou menos registrado minha opnião sobre o filme.

não vi a questão do genero como central não, apesar dos diversos elementos que trazem a questão a tona. pra mim a questão central foi semelhante a dogville algo a que se costuma chamar de um ideal cristão de vida, ou católico, a virtude. assim como grace ao tentar ser virtuosa, sua busca pela virtude a levou a se tornar uma prisioneira e numa catárse ao fim do filme ou ela desiste de ser tão virtuosa, ou pelo menos se permite um extravaso em prol da humanidade retirando de seu seio os homens e mulheres daquela vila, dogvile. assim como grace a mulher de anticristo tinha problemas com essa busca pela virtude, ser uma mãe virtuosa, cuidar do filho, fazer sacrificios em prol do outro, enfim, tantas coisas que vcs leram como associado ao feminino ao acabei associando mais a uma especie de virtuosidade cristã, até pq me pareceu que o homem tbm teve que descer do mesmo pedestal de virtuosidade para poder sobreviver.

continuando, ao invés de dogville onde vemos uma personagem lutando vorazmente para a manutenção de sua virtuosidade apesar das intempéries que lhe perpassam em anticristo teriamos uma personagem psicologicamente pertubada que já teria abandonado essa busca pela virtude e acreditando que ao perceber que não conseguiria trilhar o caminho da virtude talvez isso signifcasse que o caminho a ser trilhado seria exatamente o oposto. estando pertubada ela passa a renegar a virtude e assumir uma idéia de que de fato o feminino não é virtuoso o feminino eh mal por natureza e ela deve voltar as origens e aos poucos se reconhecer enquanto femino se reconhecendo enquanto maldade, enquanto não virtuosa. só que nesse processo em alguns momentos ela sente culpa e enquanto o processo de entrega ao feminino- a um arquetipo mal de feminino que ela constroi- não se completa percebemos momentos de sentimento de culpa como se parte dela ainda se rebelasse contra isso e ao mesmo tempo vemos que parte de seu consciente já está impregnado desse arquétipo de feminino como maldade quando ela fala mal das mulheres que foram queimadas, como se ela já tivesse se convencido de que o feminino eh naturalmente mal mas como se ela ainda lutasse para que ele não tomasse conta dela, como se ela ainda lutasse contra o seu "feminino interior" rsrs... mas continuo achando que o tema central eh a virtude assim como em dogville a questão do feminino foi apenas o cenário, um cenário legal e bem construido mas não o ponto central.

e aos poucos esse arquétio de feminino demoniaco que ela constroi vai se apoderando dela. e com o tempo ele percebe que a pertubação dela não começou com a morte do filho mas tinha se iniciado muito antes talvez na sua ultima ida ao eden. acho que ela fala em algum momento que algo a mudou drasticamente no eden. e então talvez ele tenha percebido pq sua analise sobre ela foi equivocada, pq ele considerou que o estado psicologico dela era uma reação natural a morte do filho enquanto na verdade o estado era continuação de uma pertubação que começara mto antes de sorte que simplesmente passar um tempo de processando a morte do filho e aceitando esse fato não resolveria o problema. o real trauma ou fonte da pertubação dela era anterior e permanecia oculto para ele, bem como ao meu ver permanece oculto a todos nós.. rsrs

uma amiga me disse que ele já tinha percebido antes mas insiste em prosseguir com aquilo ao invés de sair correndo do eden, com ou sem ela... rsrs principalmente qdo ele vê as fotos , mas que ele permaneceria prepotente e arrogante e continuava acreditando que poderia curá-la mesmo percebendo que a levara até ali por razões que se mostravam agora descabidas- já que o trauma dela não começou com a morte do filho.

eu prefiro ver diferente, assim como não concordo com o pai de grace que a acusa de ser um ser antes de tudo arrogante e prepotente, acho que o que marca o homem em dogville não eh a prepotencia mas eh se perder na sua tentativa de ser virtuoso. ele assim como ela e assim como grace fracassam na tentativa. ele se perde ao tentar ser protetor pois não percebe que estaria acima de suas capacidades protegê-la e qdo digo que não vejo prepotente como o melhor adjetivo para ele eh pq não acredito que sua visão falha se deu por uma super crença em suas capacidades mas sim por uma super vontade de ajudar, de servir de ajudar aquele ser que ele amava. seu amor talvez o tenha cegado e acho que isso principalmente no eden pq acho que seria mto dificil para ele ter percebido tudo isso antes. mas a questão pra mim eh ele tentou ser virtuoso e persistiu no erro mesmo após perceber que partiu de uma ideia equivocada ele continua acreditando na superação na possibilidade de ajudá-la. e eh qdo lars o coloca tendo de escolher entre a sobrevivência e a virtude é que ele finalmente desce do pedestal e meio que admite que talvez tenha sido um erro ir até aquele lugar e encerrar o remedio e decide ajudar a si mesmo antes de ajudar os demais.

enfim pra mim o tema central do filme eh essa questão da virtude, do virar o rosto para receber um segundo tapa ao invés do revide, a ideia da virtude associada a um sacrificio de si próprio. pra mim o filme eh um pouco critica a isso assim como foi dogville... essa tbm não foi minha ideia inicial cheguei a isso depois de conversar com uma amiga minha liane.

abs

nilo santana