Saturday, August 14, 2010

filmes agosto

meu malvado favorido- desenho animado. médio, gostei mas esperava mais.

400 contra 1- gostei, me perdi um pouco no inicio, pq tem um certo zig zag cronologico. não recomendo ficar enviando sms enquanto assiste... mas depois consegui me reorientar.. : p

a origem- gostei, mas fica a duvida, no final a consciencia dele conseguiu ou não sair de dentro de si mesmo?

aprendiz de feiticeiro - não recomendo. eu até me diverti bastante mas foi por todo o contexto pessoal em que fui assistir o filme. o filme em si acho mto pior do que jumper por exemplo, que eh um filme legal apesar do argumento bem fraquinho... : /

salt- não recomendo. vá assistir a trilogia bourne que acho melhor.. tenho problemas ideologicos com esse filme.. rsrs

uma noite em 67- eu gostei. a pessoa que assistiu comigo adorou. eu recomendo mas não amei, enfim, acho que vale a pena.

os mercenários- melhor do que eu esperava mas não chego a recomendar. momento mais engraçado do filme foi quando o personagem de stalone faz um comentário sobre o personagem de schwazeneger "ele tem andado muito ocupado, quer ser presidente", o cinema inteiro riu nessa hora.

traga-me um copo d´agua tenho sede

traga-me um pouco daquilo que me falta,
mas não me complete por favor que ainda há caminhos a serem trilhados,
e há de haver um pouco de espaço para as novas lembranças,
que hão de se criar no caminho.

Monday, August 02, 2010

Lugar Comum

“e nos amamos loucamente durantes as três primeiras semanas....”
- hum, isso me soa algo excessivamente lugar comum. O que você acha Bárbara?
- Acho que você não deveria tentar contar a nossa história. Parece até que você nunca superou o que aconteceu beibe. Ficção é ficção. Tente criar algo inteiramente novo, ao invés de esconder suas mágoas e frustações em personagens de mentirinha.
Eu rio.
- Então tá, seguirei assim. “e nos amamos loucamente durante as três primeiras semanas. Era como se nada mais importasse, nenhum cheiro soasse atraente, nenhuma voz com aroma tão sexy, nada tão bom quanto tuas pernas, teus cheiros e tua voz.” O café está com um cheiro bom, coloca um pouco pra mim ?
-Aqui está. Cuidado para não queimar a língua.
- E a sua sempre tão afiada, nem de longe lembra a língua de outrora....
- Pois é, que triste não? Parecíamos tão promissores, até mamãe acabou gostando um pouco de você. Ok, conte nossa história, mas invente, recrie, dê a ela um final feliz. Faça da ficção uma verdadeira ficção, ainda que baseada em fatos reais.
-Beibe, beibe, beibe. Final feliz? Não seja tão ingrata com a sorte, merda!- ela ri- acabo rindo também, no fundo no fundo não resisto a seu sorriso-

-Bom você me avisou que o café estava quente, ái... Então, apesar da língua queimada, nós tivemos um final feliz. Eu não posso negar que você é a pessoa que mais me entende, a pessoa a quem posso confiar meus segredos, a pessoa cujo ombro posso procurar pra chorar após cada queda e de quem posso esperar um impulso para me reerguer. E você não nega que a recíproca seja verdadeira. Se hoje em dia não sentimos mais atração um pelo outro é porque não viemos a merecer isso. Mas não vivemos uma tragédia completa, ainda temos um ao outro, ainda que não mais de uma forma sexual.
- Acho que não vou gostar de sua história. Você sempre foi mais moralista do que eu. Não concordo com isso de merecimento. Não foi a falta de merecimento que me fez perder a atração por você, e vice versa. Não no sentido que você usa a idéia de merecimento. Não como uma incapacidade moral ou uma falta de virtude. Mas faz aí uma história em que acabamos felizes.
-eu apenas sorrio enquanto ouço sua falação. Adoro a presença dela. Adoro suas birras, adoro nossas discordâncias. Adoro a forma como consigo lidar com nossa alteridade. –

- Quero dizer, uma história em que acabamos felizes e continuamos fazendo sexo, é bom ressaltar, já que para você, sexo é irrelevante para a felicidade.
- Beibe, beibe, sabes bem que isso é uma inverdade, ou pelo menos deveria saber. Se para mim o sexo fosse irrelevante para a felicidade talvez não fizesse sexo com mais nenhuma outra depois de você.
- E se você tivesse me dito isso a uns 5 anos atrás talvez eu pulasse em cima de você e usasse minha língua hoje tão afiada de uma forma que lhe fizesse relembrar os bons tempos,
- Ou as três primeiras semanas. ... Escute. você está ficando levemente rancorosa agora. Deve ser o vinho. E lembre-se, eu não tenho culpa de vocês terem terminado. Eu gosto de você e quero que você seja feliz ainda que com Ele, por mais que eu não goste Dele. Não sou culpado nem pelo término de seu último namoro, nem pelo que aconteceu conosco. Simplesmente, aconteceu.
- Tem razão. Estou realmente chateada. Eu estava gostando bastante dele. Perdi parte dos meus sonhos com você. Não espero ninguém que me entenda e me complete tanto como você. Mas quero alguém por quem eu sinta tesão e com quem eu possa conversar um pouco, com quem eu possa fingir pra mim mesma que bastamos um ao outro.
- Se eu sou o mais moralista parece que você é a mais idealista. Não posso negar que seja muito estranho pra mim saber o quanto já desejei o teu corpo, o teu toque, a tua língua ...

“e nos amamos loucamente durante as três primeiras semanas. Era como se nada mais importasse, nenhum cheiro soasse atraente, nenhuma voz com aroma tão sexy, nada tão bom quanto tuas pernas, teus cheiros e tua voz.”

- O que você acha que seria capaz de reacender uma paixão? Sabe, eu gosto de você, é você sabe disso, mas não funciona mais. Porquê?
-Assim não consigo passar da segunda frase, e você não terá seu final feliz, com nem sem sexo. Aliás não terá final qualquer. Mas tudo bem, respeitarei o efeito do vinho sobre você, a estória que se dane. Na verdade acho que tudo isso de atração é meio relativo. O que existe são condicionamentos. Pois é, mais uma dessas teorias que eu vou inventando enquanto falo, mas me parece realmente fazer sentido. E quem bebeu vinho foi você então deveria ser ainda mais fácil convencê-la da sensatez de meu raciocínio.
-Ou não.. – ela ri.
- Tudo são condicionamentos, inconsciente, a maioria deles. Mas podemos nos condicionar a gostar e desgostar de coisas. Podemos conscientemente brigar contra os caprichos de nosso inconsciente. Não, ou talvez sim, é meio esse papo de neurolinguística aí mesmo. Mas a questão é que temos uma certa capacidade de autodeterminação. Somos capazes de nos condicionar a sentir rejeição a um certa cor, atração por um certo cheiro ou lugar. Acontece que no nosso caso o condicionamento de rejeição, repulsa, ou melhor indiferença sexual é tão forte que está além de nossas capacidades. Pensando assim não há porquê sentir qualquer tipo de culpa ou tentar culpar o outro num momento de frustação. Simplesmente passamos do ponto em que poderíamos fazer algo pra mudar.

-Beibe ouvir isso me deixou muito feliz. Me fez lembrar o quanto você tem uma visão mórbida e pessimista das coisas. E que você nunca foi tão perfeitinho pra mim como as vezes tenho a impressão. - um minuto de silêncio- que a anos deixara de ser constragedor- ela retoma- Sim, também não sei o que seria de minha vida sem você. Mas preciso dormir, amanhã acordarei com uma baita ressaca e ainda deprimida por ele ter me trocado por Sandra. Tenta aí escrever alguma coisa sim. Alguma coisa feliz e com sexo, ou que termine com a morte de alguém e não com o desgaste natural de um relacionamento. Vai, faz uma história pra eu me reanimar e me dá de presente, eu gosto do que você escreve. Escreve uma história alegre para mim.
- eu apenas olho para ela. Nunca deixei de admirar seu corpo.-
-Boa noite. Logo me deito.

“e nos amamos loucamente durante as três primeiras semanas. Era como se nada mais importasse, nenhum cheiro soasse atraente, nenhuma voz com aroma tão sexy, nada tão bom quanto tuas pernas, teus cheiros e tua voz.”

“não falávamos quase nada. achávamos que não era preciso. o excesso de sensações já nos fazia sentir completo, daí também a impressão de que nada mais importava, de que nos bastaríamos um ao outro. e isso acabou sendo bom, e o momento da falação veio na hora própria, quando seu pai morrera. não havia clima para desavenças nem para que descobríssemos nossa manias mais conflitantes, apenas nos doamos um ao outro como se nada mais fizesse sentido, como se nenhuma outra opção fosse válida, e ela descarregou em mim todo o seu passado, toda a carga emocional familiar, e eu me entregava a suas confissões como se estivesse em oração, tentando sentir o seu pulsar para pulsar junto, compartilhar a dor e fazê-la escoar mais rápido. lógico que não fui eu que fiz escoar a dor, mas sim o tempo, mas dividir aquilo tudo, nos tornou muito mais próximos e maduros. não nos convertemos ao budismo mas passamos a atentar mais para como as coisas são efêmeras. depois disso, ficamos juntos ainda uns dois meses e então nos separamos. ela iria fazer uma pós graduação sanduíche em Porto Alegre e Londres. eu fui trabalhar numa empresa de publicidade na Califórnia. aquele papo todo de efemeridade das coisas e desprendimento nos fez pensar que deveríamos deixar nossas vidas simplesmente seguirem e que não tínhamos que viver um com o outro”

“Mas continuamos nos falando. E depois de dois anos nos reencontramos em Londres, no dia da defesa de sua dissertação: Alteridade em Tolkien, ela sempre gostou de Senhor dos Anéis, eu sempre preferi Harry Potter, Star Wars e Dickens, sendo Dickens o melhor de todos. mas ela gostava de Tolkien. nos reencontramos em Londres, saímos pra comemorar sua aprovação, resolvemos nos dar um mês de férias e passear pela Europa. depois disso não resistimos mais e nos casamos. podia até ser efêmero mas era o melhor que já experimentáramos até então. era o nosso máximo. tudo soava estranhamente natural para nós. nada nos surpreendia. o afastameto, o reencontro, o casamento, talvez até um divórcio não nos pegasse de surpresa”

- Tá uma droga. A única coisa que salva isso aí é a citação de Dickens. Eu deveria ter bebido um pouco de vinho antes de escrever. Ou talvez lido um pouco de Bukowski.

“depois disso, não resistimos mais e nos casamos. podia até ser efêmero mas era o melhor que já experimentáramos até então. era o nosso máximo. tudo soava estranhamente natural para nós. nada nos surpreendia. o afastameto, o reencontro, o casamento, talvez até um divórcio não nos pegasse de surpresa. mas isso ainda não ocorreu. E dito isso só tenho a agradecer a todos que estão aqui e especialmente a Clara pelos 30 anos de convivência conjugal, convivência essa que me faz sempre ansiar por um novo dia e impede o sabor de repetição de chegar a meu corpo, pois a naturalidade com que nos deixamos deslumbrar confunde nossos sentidos e faz com que tudo pareça meio novo para nós, para mim.”

- Pronto não gostei, mas terminei. merda, eu tinha adorado aquele início.

“e nos amamos loucamente durante as três primeiras semanas. Era como se nada mais importasse, nenhum cheiro soasse atraente, nenhuma voz com aroma tão sexy, nada tão bom quanto tuas pernas, teus cheiros e tua voz.”

- Depois da conversa com Bárbara o texto perdeu o ritmo. São quase 5 da manhã, vou deitar.

Derramo na pia o resto de café que havia na caneca. Escovo os dentes. Deito-me. Dou um beijo em suas costas e entrelaço minha perna em seu corpo. Ela segura minha mão e por instantes penso não querer ninguém a não ser ela. Durmo, mas mesmo em sonhos não consigo sentir mais atração por ela. E apenas no sonho reconheço o lado triste que existe nisso tudo.


- escrito provavelmente em agosto de 2007 ou algo perto disso (infelizmente não datei.. : /)