Monday, October 15, 2007

A Flor

A Flor


A flor não sopra o vento,

Que me traga o seu sorriso.


A flor não sopra nada.

O vento sopra a flor,

E pode sussurrar em teu ouvido

Frases indecifráveis ou o que tua imaginação permitir.


A flor não sopra o vento

Que me traga o seu sorriso.


Mesmo assim eu te entrego,

A flor e o vento,

O tempo vem junto de quebra como sempre,

A distância futura, se afigura como acidente, inegável,

Mas que apenas se soma à distância presente.


Mesmo assim te entrego,

A flor e o vento,

Pois é o que disponho que posso ceder-te,

Não mais poderia tirar sem dor,

a não ser a distância futura, se com ela pudesse também

extirpar a distância presente.


isso não me parece um poema.


Palavras sempre tão engraçadas para mim,

Fazem graça sempre de minha

alegria ou tristeza.

Qual será a de hoje?

Ainda não escolhi.


Mas entrego-te agora,

A flor, o vento

E esses traços.



29.05.06 02:03;35

Monday, October 08, 2007

o som e o nosso de cada dia

na verdade eu nunca quis teu sexo,
com ou sem música.

minha fixação sempre foi tua música,
dedilhar teus acordes,
ouvir-te com todo o meu corpo
e de olhos fechados.

ouvir-te com todo o meu corpo
e o sexo, teu, meu, nosso,
de pano de fundo.

minha fixação sempre foi tua música,
variando tons e posições,
de acordes e corpos.

minha fixação sempre foi tua música,
e ouvir-te com todo meu corpo meu maior prazer,

senão não fazia sentido,
senão não seria mais vc e teríamos mudado muito.

Sunday, October 07, 2007

conto por inteiro

queria escrever um conto em que coubesse por inteiro. e até pensei em te pôr lá também, para me fazer companhia. mas na verdade o que eu queria era me construir lá feliz, e moldar meu mundo, ou meu conto, de acordo com essa minha felicidade almejada. mas depois desisti. não te queria presa a meu conto, nem a minha felicidade. desisti também de me pôr lá por inteiro. pois não sou escritor tão bom assim que possa arriscar tal empreitada, e motivo não me parece haver outro que me soe tão forte e convincente.

após o momento de desassossego no qual você vê suas idéias se reduzirem a nada, ou qse nada, diante de suas expectativas iniciais, vem um momento de calmaria onde as vezes se assenta e até se aproveita alguma coisa. e se desisti de escrever um conto e nele me pôr por inteiro, e por inteira também toda a minha felicidade, e construir saídas, idas e voltas onde pudesse me perder com a certeza de em seguida logo me achar, e me perder assim sem culpa, sem medo, abdicando da onisciência do futuro, pq já o teria programado como o melhor...e se desisti disso todo, não desisti porém da escrita, nem do conto, nem de sua imagem junto a minha, no conto, indo e vindo, entrando e saindo, por becos ruas e sentimentos, lugares, músicas, momentos, ... indo e voltando, cada vez sob um olhar diferente, cada momento, cada releitura, única. completados que seríamos pelos que nos liam. ai e ser único a cada momento diferente ainda que na mesma frase com vc seria bom demais. não só pq com vc quase tudo é bom demais. mas tbm pq assim o tédio não no assaltaria. e não estaríamos de todo isolados do mundo.

mas desisti de pôr-me inteiro. e se não era inteiro metade também não serviria. e resolvi pôr-me apenas imagem, inspirado pela própria imagem criada ao pensar-me todo no conto. e resolvi pôr-te também imagem, pois se respeito e consideração tinha por ti, suficiente para não querer-te presa, o mesmo não sentia por tua imagem, que considero não ser dona de si ou sequer ter dono certo. pq. tua imagem é pra mim que nem cão vadio, não tem dono certo nem endereço fixo. pertence àquele que imagina. único cão vadio, diga-se de passagem, cuja companhia não me causa asco, porém regojizo. e pus-te imagem em meu conto, sem cerimônias.

e me lancei na tarefa de nos imaginar, juntos e separados, em infinitas combinações que se intercambiavam sempre, não permitindo nunca que qualquer sentimento ou sensação se fizesse rei, ou definitivo. e os momentos de tristeza apenas enalteciam os de alegria que se seguiam. e estes terminavam quase imperceptivelmente em um desacordo. e o desassossego que se seguia só nos fazia sentir mais juntos, quando nos juntávamos. e assim nos intercambiávamos em combinações infinitas sem cansar, sob infinitas interpretações a cada novo reencontro, a cada nova curva ultrapassada juntos, a cada nova briga, a cada novo riso, a cada novo choro, a cada novo filho. a depender do leitor.

e nesse meu conto precisei traçar uma regra clara, para que não caísse em desarmonia. a de quê cada vez que nos afastássemos nos quiséssemos, ainda mais, juntos. e isso não seria lá garantia alguma, pois o desejo é também ilusão e veneno, a nos fazer querer algo sem pensar bem pq, e não que o pq seja lá muito importante mas que quando a pura birra e implicância é o pq, e qdo mesmo juntos não se está lá mais já tão bem, e qdo a rotina substituiu o conforto, ou melhor quando o conforto é agora a rotina e não mais o simples estar contigo, quando tudo isso acontece, não se tem mais o que eu me atreva a chamar de harmonia. mas se então a garantia não era lá nenhuma garantia de fato, a sorte desempenhou papel central. e fiz imagens que se combinavam de um jeito que o estar juntos era sempre o que mais importava, quando se estava junto. e aproveitei o melhor de cada momento para construí-las. e saíram perfeitas. não diria melhor que o modelo, pois atentaria contra tudo o que vivemos dizer que de outra forma teria sido melhor. e pq atentaria contra ti te imaginar melhor presa, ou imaginar tua imagem melhor que ti. e por fim atentaria também contra mim, embora não tenha pudores quanto a isso.

e assim fiz o conto, permitindo que algo frutificasse da idéia original, e deixando-nos livre em troca da prisão de umas imagens nossas, que embora nos digam respeito não são o que somos. não são o nós. mas não quero ser nós, não quero mais nada agora. quero seu beijo a acalmar-me o peito e tuas mãos a dedilhar-me a alma. quero o momento e mais nada.