Sunday, June 30, 2013

criando um novo gênero - mini contos dedicatória.. CONTO 2 - livro dedicado: o ultimo do neil gaiman.. O oceano no fim do caminho



Talvez você pense em mim e na minha função no mundo, no que eu faço para viver, como algo que, mesmo que nem sempre isso seja verdade, mereça ser responsabilizado pelas piores tragédias ocorridas aqui e além.

Talvez você pense que é por causa de pessoas como eu, que a 3ª lua de Bariluz explodiu espalhando radiações mortais e bolhas de improbabilidade por uma raio de milhares de anos luz.

Talvez você pense isso tudo e talvez, talvez, você tenha um pouco de razão nisso. Somos ladrões de magia, seguimos e rastreamos caminhos alheios, já trilhados ou a trilhar, e roubamos um pouco da magia deles.

Confesso que embora algumas vezes eu tenha orgulho do que faço, em alguns momentos tenho dúvidas, vergonha até, mas seguimos ordens.

Nós crescemos aprendendo que o exagero pode ser ruim, muito ruim. E quer saber o que mais? Nós acreditamos, eu acredito, que o que fazemos tenta um pouco restaurar o equilíbrio do universo.

Não sei porque lhe escrevo essa carta, nem sei quem é você, se fará algo importante, se serei executado por nada, nem se o que eu fiz será lembrado.


Mas nada disso importa. Depois que eu conheci aquele que é por todos temido, mal falado, aquele que é o Demônio entre nós, que já somos afinal os demônios do universo, depois que eu o conheci, minha vida não podia ser mais a mesma.

Na verdade eu continuo com os mesmos sonhos, apesar das acusações que eu teria sido acusado (sic- leia-se corrompido) pelo Nefasto. Ele não me cooptou. Eu ainda acredito no perigo do excesso. Mas depois de conhecê-lo eu percebi. O que já havia de dúvidas em meu ser se transformou em certezas. Há excessos.

Eu já presenciei e já participei de operações em que toda, ou quase toda a magia de um caminho foi roubada. Qual o equilíbrio que pode haver nisso?

Ele me contou de um tempo em que não havia ordens. Éramos educados a aprender, perceber e decidir. Éramos os guerreiros do equilíbrio e somente o ser que estava no campo de operação decidia o que havia em excesso e deveria ser extraído.

Mas ele me falou que com o poder vem a ganância, e da ganância vieram as ordens.

Eu, vi o seu caminho. No seu caminho havia um oceano, 3 peixes e 2 gatos. Não me pergunte o porquê de apenas 3 peixes em um oceano. Era o seu, era a sua magia.

No seu caminho havia 1 oceano, 3 peixes e 2 gatos. E eu não sei bem o porque mas achei aquilo tudo muito lindo. Nadei por eternidades inteiras em seu oceano sem sair do lugar. Quando voltei a mim mesmo, percebi que meu destino já antevisto pelo Nefasto finalmente iria ocorrer. Você desobedecerá, ele dizia, e nesse momento você irá morrer, você será condenado e executado sem piedade.

Pois bem, vi e me apaixonei por seu caminho, pela magia que há nele, e não resisti. Selei seu caminho. Mas não se preocupe. Ele nunca estará selado para você, porém nenhum outro de minha raça poderá nele entrar para roubar um pouco de sua magia.

Espero que você faça um bom uso dele, afinal de um certo modo dei minha vida por ele. Na verdade, pensando melhor, não espero nada de você.

Não espero que você faça um bom ou mau uso de seu caminho. Não espero nada. Eu não morri por você. Morri pelo seu caminho. Ele era tão lindo, tão mágico, que fez parecer que vivi minha (vida), que trilhei todos os meus caminhos apenas para chegar aqui e proteger, selar, o seu.

Nós não somos demônios, muitos de nós tem dúvidas. Ainda acredito no que somos ensinados a acreditar. Os excessos são perigosos. Talvez por isso ao salvar um caminho assim tão mágico eu deva morrer.

É o equilíbrio.
Mas onde há magia há esperança.
Há um oceano, 3 peixes e 2 gatos em seu caminho.
O meu acaba aqui.
São minhas últimas palavras.
Viva bem.

Oi (omitindo o nome da aniversariante) esse é um “conto” dedicatória, já que não podia escreve nada no livro para o caso de você trocá-lo.
Beijos e felicidades, e que muitas obras de Gaiman ainda passem por seus caminhos.
SSA, 29.06.2013 21:00 hs.


OBS- acho que ao escrever esse já estava um pouco mais alto (bebado) do que o primeiro, até gostei mais da história, talvez por gastar mais de gaiman do que de frida, porém achei o outro mais redondo- eternidades inteiras - por exemplo não achei uma expressão de bom gosto... eternidades soa muito melhor , efeitos da amarula, que é por sinal um líquido de muito, muito bom gosto.. 
as partes em parenteses do texto são partes que eu "comi" uma palavra (vida), ou não consegui entender o que escrevi, pois a palavra que pareço ter escrito não faz o menor sentido ali naquele local em que se encontra. : ( acusado (sic- leia-se corrompido) ).






criando um novo gênero - mini contos dedicatória.. CONTO 1 - livro dedicado: alguma biografia da frida kahlo, não me recordo qual exatamente.



Passeava ali, entre os quadros, e eles me devolviam o chão a pouco roubado, passeava ali entre os quadros, todos, em tese, estáticos, indiferentes à indiferença alheia, indiferentes ao teu choro, indiferentes ao teu sorriso, ao teu toque, indiferentes ao teu aperto de mão.

Passeava ali entre os quadros, que me davam chão mas pairavam no ar quando eu apagava as luzes, passeava entre os quadros, todos, em tese, estáticos, você me diria: todos congelados em um único momento, em uma singularidade, uma verdadeira homenagem à dádiva de existir, ao poder ver e perceber, a sucessão de eventos como movimento, embora cientificamente a ideia que temos de movimento pareça toda muito errada.

E você me diria tudo isso e eu entenderia apenas partes, fragmentos, mas aceitaria o seu toque, o seu abraço, o seu estar ao lado, e isso me confortaria.

E agora passeio entre os quadros, quadros que pintei enquanto você ria, na cama, quadros que pintei enquanto chorava, pois sabia que você estava com ela, quadros que pintei sem pensar em você. Em todos eles, é a mesma memória de sua presença que me dá chão. Mesmo quando estou deitada, inválida, incapaz de me mover e andar, quando o chão parece a menor de minhas necessidades, uma futilidade imbecil de quem não consegue dar valor ao que temos de bom, porque não vejo nada de bom em momentos como esse.

Mesmo nessas horas, você sem saber me oferece o chão e eu agradeço, por um chão que não caminharei, mas saberei que sempre estará lá.
Os quadros....
Você, a vida...
Viva a vida.

(omitindo o nome da aniversariante), felicidades, é um mini conto e o eu poético é livremente inspirado no pouco que sei de Frida. Espero que entenda minha letra. E que a cada dia consiga entender mais sobre você mesma, sobre o que lhe faz feliz e sobre o que mesmo lhe fazendo triste você saiba que é importante vivenciar.


Bjs e votos felizes, hoje e sempre. 

Friday, June 14, 2013

A VERDADE REVELADA



A culpa da coisa toda foi de Paul Hellyer. As declarações de um ex ministro de defesa do Canadá, mesmo o Canadá sendo um país que fica ali, escondido atrás dos Estados Unidos da América, bem, mesmo assim, causaram repercussão. Até então, ao menos a necessidade de se manterem até certo ponto ocultos do grande público, garantia algum grau de diálogo e convivência pacífica entre as diversas espécies de extraterrestres que atualmente habitam a orbe terrestre. Com as declarações de Paul Hellyer parece que as coisas ficaram bem, digamos que, um pouco tensas. Divergências iniciais acerca de como lidar com a nova situação, se algo precisava realmente ser feito ou se as declarações do ex ministro não alteraram significativamente o panorama mundial começaram a se revelar. Desse ponto para o reavivamento de outros conflitos de interesse, antes deixados um pouco de lado em prol do interesse comum em passarem desapercebidos do “grande público”, não foi preciso muito esforço. O modo nem sempre racional e equilibrado de resolver conflitos não é exclusividade da espécie humana.

Segundo relato de um pleidiano, o lado bom dessa coisa toda, é que ao menos as suspeitas de atividade ilícitas do povo de Orion na capital paulista se confirmaram. É a coisa do tragicômico, trágico para os alguns paulistanos e para os seres de Orion1, que tinham esperanças em prosseguir em segredo com suas atividades.

Nesse ponto do relato é importante frisar uma coisa, nós humanos somos dotados de livre arbítrio. Sim, por mais que em alguns momentos você ache que os seres a seu redor não o possuam, isso é pura impressão, o livre arbítrio existe, a permanência no erro é burrice mesmo, ou excesso de couraças caracteriais, como diria o Reich. Mas voltando à questão central, dito que temos livre arbítrio, o que aconteceu recentemente em São Paulo não pode ser creditado exclusivamente ao povo de Orion. Os seres de Orion só possuem habilidade psíquica de amplificar emoções e ou pertubações mas não são capazes de criá-las do nada. Resumindo os policiais paulistanos que se exaltaram e cometeram atrocidades talvez sejam mau pagos mas não são santinhos.

Feita essa breve digressão, chegamos então na questão central, porque o vinagre? É dito a boca pequena – salvo quando se trata dos adromedinos, visto que estes possuem bocas largas, apesar de dentes pequenos- que apenas os pleidianos sabiam que a combinação de vinagre e algumas substancias liberadas pelas bombas de gás usadas pela polícia paulista poderiam afetar os seres de Orion do modo que afetou. Disso surgem algumas perguntas inquietantes, afinal a confusão do vinagre foi mera coincidência, ou algo planejado pelos pleidianos.

Bom isso nunca vamos saber, eu pelo menos, mesmo que soubesse, não me arriscaria a dizer em público. Tudo o que sabemos, extra oficialmente, é que a combinação de vinagre com algumas substâncias liberadas nas bombas de gás usadas pela polícia paulista, produz uma radiação indetectável por instrumentos terrestres, e inofensivo a todos os seres vivos, salvo, de acordo com o que sabemos até hoje, quanto aos seres de Orion.

Parece piada, mas a verdade é que já nos protestos anteriores os Orianos, instalados que estavam no subterrâneo paulistano, atuando em faixa vibratória indetectável por instrumentos terráqueos, começaram a apresentar sinais de uma estranha alergia, causada por um pequeno uso de vinagre pelos manifestantes. Alguns seres de Orion foram vistos em público – publico extraterrestre explique-se – com claras reações alérgicas. Bom se não foram os pleidianos que tiveram a ideia inicial, com quase certeza depois de perceberem o que estava acontecendo, eles devem ter dado um jeito de que mais manifestantes levassem vinagre para a manifestação. Há boatos que alguns chegaram mesmo a comprar diversas garrafas para distribuir entre os manifestantes.

É quase pacífico, entre os que atuam nesses bastidores, que a ação deliberada e truculenta da pm paulistana em busca de vinagre é fruto de ingerência de seres de Orion junto a secretaria de segurança pública. Dito isso, se a truculência -violência desnecessária- não pode ser atribuída exclusivamente à influência dos seres de Orion, ao menos essa confusão, essa perda momentânea do bom discernimento permitindo que se concluísse que não havia nada de muito estranho em prender pessoas por portarem vinagre, ah, isso sim, com quase toda a certeza disponível, pode ser atribuído aos seres de Orion, mestres na arte confundir, ludibriar e assemelhados. Muitos dizem que a divindade Loki é inspirada em contatos de terrestres com orionia..., ops, com seres de Orion.

Por fim, é importante esclarecer que daqui pra frente é com a gente. Ou seja, os seres de Orion desmascarados que foram pelos paulistanos, ou pelos pleidianos a sonoridade dos dois termos é até parecida, tiveram que adotar postura um pouco mais humilde e aceitaram acordo com as demais espécies e admitiram certa vigilância sobre suas atividades por aqui. Moral da história, quando a razão e equilíbrio não une, o inimigo comum, ou uma adversidade externa pode acabar fazendo o trabalho que não conseguimos fazer por nós mesmos. O episódio do vinagre parece ter posto um fim ao clima de tensão iniciado com as declarações de Paul Hellyer, revelando os secretos planos dos seres de orion e permitindo que uma nova rodada de paz, ou algo próximo disso, se inicie. Mas isso em relação aos extraterrestres, o que resta saber é se a secretaria de segurança pública paulista, após sentir o gostinho da truculência, do prazer do poder brincar com a vida e dor alheia, vai largar o osso, digo os cassetetes, bombas e demais artefatos fetichistas.






1Não há ainda um termo usual para designar os seres de Orion. O termo Orianus caiu em desuso quando alguns extraterrestres que dominavam a língua portuguesa iniciaram uma campanha de trocadilhos. Sabe-se que pelo menos cerca de 7 a 11 extraterrestres faleceram no que ficou conhecido como “a piada mortal”, “a piada que mata”, ou ainda “não é saudável confundir partes do corpo com partes do nome”.